" " NOVA CASTÁLIA: A GRANDE BELEZA de PAOLO SORRENTINO

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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

A GRANDE BELEZA de PAOLO SORRENTINO



Durante os primeiros minutos de A Grande Beleza, direção de Paolo Sorrentino, eu me senti entediado. Pareceu-me que o filme, logo no início, exagerava na composição geral do cenário, descuidando-se do enredo central. Os turistas habituais de Roma, o esplendor histórico da capital italiana, as reuniões da alta sociedade… Até que a história seja centralizada em Jap Gambardella (Toni Servillo), é preciso admitir que tudo se arrasta um pouco.


Mas o tédio não é, afinal, somente o efeito produzido pelo estilo do diretor. O protagonista de A Grande Beleza, Jap Gambardella, mergulhou, décadas atrás, em uma existência de festanças e dolce fa niente depois de haver publicado O Aparelho Humano, romance aclamado tanto pelos críticos quanto pelo público. Estagnada, sua carreira tornou-se o rememorar cansativo dessa glória dos primeiros tempos.  


Mesmo decadente, Roma insiste em pretender-se grande. Há algo de grotesco, de frívolo, de depressivo, de falsificado no meio que Gambardella frequenta, e aos 65 anos ele compreende esse fato perfeitamente. Todos, inclusive ele, admitem vivenciar a própria falsidade e conviver com a falsidade dos demais: a mentira é mais viciante que álcool e cocaína.


É necessário que você entenda isso caso queira realmente apreciar A Grande Beleza. O filme trata, sobretudo, da decadência. A decadência de um indivíduo, da alta sociedade circundante, da capital de um antigo Império, das artes, da cultura, dos relacionamentos humanos, e até mesmo do clero católico. Tudo está decrépito, tudo está caindo aos pedaços, tudo, absolutamente tudo está morrendo. 



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